segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Inquieta,

Tenho me perguntado por que as palavras não mais conseguem expressar tudo aquilo que sinto... Continuo tendo reflexões, questionamentos e insights, mas que não conseguem voar... Talvez as palavras tenham se transformado em movimento, já que agora voltei a dançar e tenho dito com meio corpo aquilo que desejo.

Sabe um daqueles livros que tocam no fundo da alma e que precisam ser lidos muitas vezes ao longo da vida? Para mim “O Pequeno Príncipe” é um desses, leio, releio, revivo e vivo... E cada leitura me transforma e me transborda, me faz olhar um mesmo ponto de diferentes formas. É desta forma que sinto ser o Câncer em minha vida... Um livro que me devorou pelas entranhas, me remoeu por dentro e me transformou. Desejaria esquecer tudo que vivi e senti, mas esta história é a minha história, e não há como esquecê-la, está presente nas marcas que deixou em meu corpo, nos sintomas poucos, mas que ainda existem, e principalmente nos detalhes, como ver o cabelo crescendo. 
É um daqueles livros que terei em minha memória para sempre... Hoje, me sinto saudável e tenho a obrigação de agradecer e valorizar este bem tão precioso, a saúde. Muitos renegam o próprio corpo, o maltratam, o intoxicam, sem ter a consciência de quantas pessoas enfermas desejam estarem apenas saudáveis. 

No final de 2013 eu ouvia muito uma música que dizia “E quando cessar a tempestade e vislumbrar novo amanhã.... Que é força e coragem pra seguir viagem. Filhos que têm fé...” Eu me lembro do quanto desejava que dias como os de hoje chegassem, dias em que eu estivesse trabalhando, aprendendo e descobrindo cada vez mais sobre mim, sobre o ser humano, sobre a vida, sobre a dança... Eis então, que hoje me vejo assim...

Sem medo cai no mundo.
Na brisa que faz rodar.
Toda dor do meu passado.
Sorrindo quero dançar. 

E para minha alegria, tudo que foi desejado em relação ao trabalho "Inquieta Razão" têm acontecido, sinto que bons ventos sopram a favor, digo que reviver essa história não é uma tarefa fácil, mas necessária. Então, é sem medo que eu sigo dançando e cumprindo com a missão de transformar toda dor que senti, dizendo a mim mesma o quanto este processo longo e intenso deve ser olhado com respeito e gratidão, por todas as mudanças que aconteceram em mim a partir dele, por toda a coragem e fé que hoje existe em meu coração, por todas as pessoas que estiveram ao meu lado, pela força que hoje me impulsiona a seguir e principalmente pela alegria que sinto, simplesmente por estar viva.

"Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria." (a.d.)

Tenho realizado um sonho. Eu sonhei este espetáculo, tudo que hoje acontecesse já havia acontecido em meus pensamentos... Essa semana o sonho se completará com a apresentação no SESC, onde terei comigo a médica Thais Kubota, a doutora que sensivelmente me deu o diagnóstico, ela não apenas irá assistir como também participará de um bate-papo com a platéia no final. 

Só posso agradecer, por essa e tantas outras oportunidades incríveis que tenho recebido!


 


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