segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Fernando Pessoa me fazendo transbordar...

..." Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?..."

(Poema em Linha Reta - Álvaro de Campos)

Estou farta... Farta! Cansada de palavras esvaziadas de sentido.
Discursos rebuscados, pontuações corretíssimas.
Mas que em mim soam sempre com uma interrogação.
"Arre", me poupem dos falatórios.
Por gentileza, me encham de ações.
Me encham de corações...
De verdades, de sentimentos.
Me poupem dos gerúndios.
Onde estão "os presentes do indicativo".
Ausentes.
Fugindo das responsabilidades de sermos
Me cansam os falatórios, as regras e as obrigações...
Pior ainda são os achismos.
Estou farta de mestres ignorantes.
Me deixem errar. Me deixem cair.
Me ajudem a levantar,
Se não estiverem ocupados em seus discursos, é claro!
Sucesso!? Felicidade!?
Não há receita para isso.
Duvidem daqueles que dizem ter.
Há sim, muito trabalho e estudo.
Generosidade, humildade, ética e respeito.
E para isso tudo, há muito silêncio.
Quem muito fala sobre seus próprios louros
Transforma um ramo de loureiro e um mero adjetivo.
Perdem-se os sentidos.
Ganham a superfície do nada.
Boias flutuantes,
Na digna missão de salvar.
Salvem os falatórios!
Salvem-nos das palavras vazias de sentido.
Dos discursos rebuscadas.
E das inverdades profanadas.
Seja! Esteja!


Fernando Pessoa causa em mim um transbordamento de emoções e sensações...
E se me toca, eis que surgem as reflexões.