quarta-feira, 24 de abril de 2013

Laços de Gratidão


Eu não sei por onde ainda vou andar, mas sei que os caminhos que percorri foram todos válidos... Sempre me senti grata por isso, conscientes ou não, sempre me conduziram a grandes experiências, que me proporcionaram encontros encantados... De tudo que vivi, os sorrisos me deram ânimo para seguir e as lágrimas me fortaleceram para ser quem eu me tornei... Tenho consciência que a jornada foi sempre guiada pelos bons anjos, que providenciaram encontros de tamanha beleza, iluminados e intensos... Do que foi e me esqueci, foram como suspiros, me deram o ar necessário, e permitiram que meu coração ficasse livre e leve para ser preenchido com as lembranças que me animariam pelo resto de minha existência!

E a cada dia, meu sentimento de gratidão aumenta cada vez mais... O tratamento em si não é um dos mais fáceis, e este momento tem sido um tanto dolorido, dias mais, outros menos, mas dolorido. O coração está apertado, a mente inquieta, o corpo não pára de resmungar, e claro meu Ser nisso tudo custa a acreditar e confiar que isso passará. Os dias parecem não passar, e o fim parece estar muito longe... E confesso que tenho me esforçado mais para me manter em retidão. Mas guardo laços...

 “... Ah, então é assim o amor, a amizade, tudo que é sentimento.
Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas não pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço...”
Mário Quintana

Fui me enlaçando ao longo do caminho e as bandas ficaram soltas por aí, e hoje percebo quantos embrulhos enfeitei com fitas sinceras e doces... Meus embrulhos, têm me presenteado a todo instante com gestos gentis e amorosos, com intensidade tamanha para me dar a justa e necessária força e acalanto.

Estes dias eu saí da janela e fui girar com o mundo... Mas ele parece que está sem cor, me senti perdida e um tanto confusa... Como se algo tivesse acontecido, como se tudo tivesse mudado... As cores mudaram de cor, estão todas misturadas. Prometo pintar um arco-íris com as novas cores...


Enquanto escrevia este texto, caiu em minhas mãos um vídeo... Uma agradável sincronia! Como se ele pudesse ilustrar o que sinto ao recordar de todos os laços que fiz, todos os meus amores... Eu me apaixonei por todos aqueles que estiveram comigo lado a lado... E confesso ainda sou apaixonada. Os caminhos mudam, mas os laços estão eternizados no profundo sentimento de gratidão. 

O vídeo chama-se Marina Abramovic encontra Ulay e a história é...

"Nos anos 70, Marina Abramovic viveu uma intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando todo tipo de performances. Quando sentiram que a relação já não valia aos dois, decidiram percorrer a Grande Muralha da China; cada um começou a caminhar de um lado, para se encontrarem no meio, dar um último grande abraço um no outro, e nunca mais se ver.

23 anos depois, em 2010, quando Marina já era uma artista consagrada, o MoMa de Nova Iorque dedicou uma retrospectiva a sua obra. Nessa retrospectiva, Marina compartilhava um minuto de silêncio com cada estranho que sentasse a sua frente. Ulay chegou sem que ela soubesse e... Foi assim."  (Traduzido por Rodrigo Robleño)





RTZB

segunda-feira, 22 de abril de 2013

"... E lá se vai, mais um dia..."


17 de abril de 2013

Se existe uma palavra que defina este momento, é cansada!
Cansada de não sentir os dias passando, de achar que sempre está da mesma forma, nem melhor, nem pior... Quase entrando em pânico em não sentir meu corpo reagindo, e ver ele sucumbindo cada vez mais... Ao mesmo tempo me impressiona, pois quando a força tem de vir, ela vem... E dá um ânimo a ânima... Nada de sorrisos, mas uma certeza que logo isso acaba. Daqui uns 120 dias? Talvez seja este o prazo… Quando de fato todo o tratamento acabar, e não essa montanha russa, de dias péssimos, dias ruins, dias bons, dias ótimos... E por ai vai, sem planos, pois realmente não sei qual será a do dia!


22 de abril de 2013

A semana que passou foi longa e cansativa... Meu corpo não reagia, não conseguia sair da cama, fiquei irritada e mal humorada. E por fim precisei ir ao Pronto Socorro, que estava lotado e todos os pacientes passando muito mal... Foi triste ver aquelas pessoas querendo ajuda, e ver nos olhos dos médicos e enfermeiras o sentimento de impotência... Foi assim que me senti, impotente... Eu não chorava de dor como elas, mas chorava de desespero, queria vê-los bem, queria ir para casa, queria estar saudável e queria que isso acabasse o mais rápido possível!

Tenho a sensação de que os dias estão passando... O mundo lá fora está girando e eu vendo tudo pela janela... Percebo algumas pessoas indo embora, outras se aproximando, e minhas vontades negadas pelas limitações do momento... Quero sair, não consigo! Quero trabalhar, não consigo! Quero dançar, não consigo! Uma inconstância de sensações... É um mal estar, e não um mal ser... Então logo terei minha rotina de volta!

Quando as pessoas dizem “... eu imagino o que esteja passando...”, por favor não tentem imaginar... Não chegarão nem perto, ao que de fato é... É tudo muito intenso e profundo, a vida por um instante parece estar suspensa nos balões de desejos e vontades, enquanto o corpo se esforça ao máximo para digerir todos os medicamentos, é inevitável que ele se canse! Enquanto isso eu vejo a vida passar pela janela...  E esperar que lá na frente as coisas voltem a ser como sempre foram, melhores eu creio. Quando se está bem, o dia de amanhã parece estar garantido... No meu caso, o dia de amanhã é uma dúvida... Não sei como estarei, não sei o que conseguirei fazer, não sei nada... Agora sei, que na verdade nunca soube, minha arrogância achava que sabia e que podia tudo, e por 28 anos ela esteve enganada!
                                                                                                                                                                                                                                     RTZB

♪♫ "... E lá se vai, mais um dia...." ♪♫