“Recria tua
vida, sempre, sempre.
Remove pedras e
planta roseiras e faz doces.
Recomeça.”
Cora Coralina
Eu me lembro da
madrugada do dia 31 de janeiro de 2013, o alarme do hospital tocou por engano,
e não por engano eu acordei... Assustada e aflita, não pela sirena, mas pelo
momento que estava vivendo. Minha cabeça doía muito, o ar condicionado fazia um
barulho ensurdecedor, e eu sentia uma dor imensa no peito... Angústia, tristeza,
medo, solidão. Chorava um choro contido e amargurado. Sentia raiva, muita
raiva. As sensações ruins só aumentavam, implorava ajuda em oração... Hoje,
sempre que digo “Seja feita a vossa vontade...” eu me lembro desta noite, era a
única coisa que me tranquilizava um pouco, tinha fé que não seria desamparada. Sabe
de uma coisa, talvez aquela tenha sido a noite mais longa da minha vida, a maior
tristeza que senti e o maior medo que tive... O medo do obscuro, do
desconhecido, ou talvez conhecida... A Dona Morte me visitou, a vi de perto e
indaguei por que eu havia sido escolhida, por que tão cedo, por que doía tanto...
Ela nada me disse, deu as costas e desapareceu. Adormeci, um sono profundo e
iluminado. Sonhei que minha cama estava rodeada de anjos cuidadores, acordei
com um cafuné na cabeça, eram alguns amigos... Não conseguia saber o que era
sonho e o que era realidade. Depois vi meus pais, me despedi e segui... Não
havia mais medo. Não sei o que houve nas 4 horas seguintes, adormeci enquanto
mãos iluminadas cuidavam de mim e desfaziam o nó que eu mesma havia dado em meu
peito. Desataram os nós, e eu desaguei as más águas... Chorei lágrimas de alegria
com sorrisos de gratidão. Eu sabia, que nada mais seria como era antes. E tudo
mudou, dentro e fora de mim. Se me perguntarem se me incomodo em não ter parte da
Mama, certamente digo que não! É o símbolo da força e da coragem que hoje
carrego em meu peito. Este momento será sempre lembrado como o início de um
processo de renascimento... Eis me aqui agora, relembrando com emoção o que
jamais será esquecido e constatando que a impermanência da vida é o que dá cor
e sabor a nossa passagem por aqui. Nada é pra sempre, tudo é passageiro,
transitório, tanto as alegrias quanto as tristezas. Eu sou gratidão, e neste
momento sinto alegria pela vitalidade pulsando novamente em meu corpo.
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Mãe, Pai e Irmãos! Minha vida, minha cura! "Toda pedra no caminho, você pode retirar... É PRECISO SABER VIVER" |