Se colocar
a disposição das descobertas é uma tarefa que requer coragem, é confuso e
dolorido. É descobrir quais armas falsamente me protegiam e quais máscaras me
esconderam estes anos todo. Eu percebi que somos todos orientados pelo sistema,
e convencidos a nos esconder cada vez mais dentro de si e por isso nos perdemos
de nós mesmos.
Não
choramos o quanto gostaríamos e se quer percebemos o que sentimos, nossas
emoções são distraídas e acabam se perdendo mundo adentro e mundo a fora;
nossas responsabilidades recebem o nome de culpa, de si mesmo e do outro, e
assim um peso vai se instalando em nossos ombros; nossas dores são disfarçadas
com remédios; nossas crianças distanciadas de suas infâncias; a mídia nos
contamina exarcebando o caos e nos convencendo de que o consumismo é a salvação;
vamos nos tornando cada vez mais cegos a nós mesmos, esquecemos quem somos, de
onde viemos e para onde vamos...
Precisamos
resgatar nossa história... Somos pó estrelar, viemos das estrelas e pra lá
retornaremos. Somos em essência seres de luz! Mas sinto que podemos nos perder
em nossas próprias sombras... E olhar para elas é um ato de coragem, e creio
que seja a minha rendição.
Me render
no sentido de abrir mão do controle em busca da perfeição e assumir
humildemente minhas fragilidades, crenças e paradigmas! Desejo me livrar da
armadura, quero me despir dos disfarces, aceitar a condição de ter me servido
disso tantos anos, mas em tempo hábil de seguir mais leve e livre...

Sigo nua em meus cabelos, fortalecida pela minha própria dor, grata pelos encadeamentos felizes, e exercitando cada vez mais a paciência e buscando desfrutar de minha plena presença sem julgamentos, ansiedades e medos. Não digo ser uma simples tarefa, mas talvez a única que me fez sentido até agora.